11 de jan. de 2016

monólogo trinta e oito





Ter sensualidade.
Ser sensual.
Sensual?
Relativo aos sentidos?
Não!
Bastaria ser sensitivo.
Como se procurasse os sentidos. Somente.
Não!
Porque quero mais.
Porque quero o prazer dos sentidos.
Ser lascivo. Voluptuoso. Lúbrico?
Os dicionários de sinónimos são uma mentira.
Não há sinónimos. Há palavras de sentido idêntico.
As palavras tragam-se em calda. Envoltas. Em contextos.

Se dedilho uma viola.
Acordes em lá menor. Para uma balada triste.
Acordes em sol maior. Para um vira de sorrisos.

Se te dedilho.
Não busco uma melodia. Nem acordes perfeitos.
Não busco a harmonia. Encontro dissonâncias.
Palavras soltas. Sons desarticulados.
Gemidos. Sem sentido. Consentidos.

Se dedilhar é um acto. Com os dedos.
Dedilhar-te é um acto de amor.

A diferença abismal está em ti.
És tu. Somente. Afinal
o amor em acto.


Mateo


©

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