Amar é escutarmos paraísos
que perpassam sussurros calados
quando a voz arde vibrante
na orelha quente da boca.
É sermos assaltados mansamente
por noites de furor totalitário,
convertidas em chuva
de sol estilhaçado
em mil centelhas buliçosas
às janelas vivas do olhar.
É revestirmos madrugadas
com bálsamos de incenso
a queimar-nos as entranhas de lua.
É perdermos de vista as estrelas
em trajetórias cadentes
engastadas no corpo
a desmantelar-se inteiro
à velocidade da luz.
É vermos de olhos fechados por gemidos
todos os sins que as nossas
bocas quebradas confessam.
É entrar com toda a luz presa da mente
nas portas do Olimpo
escancaradas pelas unhas
que riscam chaves nas costas.
Amar é recriarmos o amor, continuamente,
no ruído e no silêncio partilhados
da procura de nós mesmos.
Nilson Barcelli
©
Nenhum comentário:
Postar um comentário