30 de dez. de 2016

Amor Fatal







Suga me, a teu bel prazer,
Alimenta tua vontade,
Incorpora-me a você,
Aranha negra da cidade.

Devora-me, como queres,
Sinta o gosto da minha carne,
A vida do meu ser arranques,
Canibalizando-me, sua verdade.

Predadora de mim, amor mortal,
Intensidade de prazeres abissais,
Fêmea em transe no amor total,
Faminta, sacia gozos colossais.

Espojando-se, me aprisionando,
Me matando a cada momento,
Nas suas contrações fundindo,
Carne, espírito e sentimento.

Mata-me quando quiseres,
Tira de mim, a minha força,
Deita no meu leito e esperes,
Amar-me, louca, como queres.




Daniel Fiuza



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Dominação









Possuidora de mim, de meu corpo, de minha mente...
Dominadora de meus sonhos e ansiedades...
Vestida de anjo em corpo de mulher,
procuras-me com toques e carícias que levam-me ao devaneio, à loucura
Fogosidade e sensualidade transpiram em teu corpo desejado,
buscando sempre a chama da paixão e do amor acender
Poderosa e cativante, rebaixas-me ao último grau da escravidão sexual,
tornando-me um mero objeto de tuas fantasias e desejos
Chegas como a um verdadeiro turbilhão de emoções que eleva-me
ao mais alto patamar do prazer e da sexualidade
Usas meu corpo como se somente a ti pertencesse,
como se fora minha ama e senhora,
como que vontade própria, eu não mais possuísse...
Quando me subjugas e a ti me entrego,
retiras de minha boca palavras indecifráveis,
sussurros que somente tu entendes,
espasmos que somente tu sabes controlar
Apagas de minha memória toda uma vida e passo a ter-te como única,
inigualável e insubstituível
Adolescente me faz, inexperiente me torno,
procurando-te como se a primeira vez fosse,
buscando aprender o que cuidadosamente me ensinas,
suplicando-te sempre muitas carícias e beijos ardentes
Vibrações eróticas tomam conta de todo meu ser a cada vez que de ti aproximo-me,
já não mais consigo controlar minhas ereções,
meus pensamentos voam como se momentos ardentes estivesse contigo vivendo....
Momentos estes de puro prazer,
de um gozo prolongado e interminável...
Dominado sou, quero a ti pertencer, a ti entregar-me,
saciar e ser saciado, amar e ser amado.....



José Cardoso



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29 de dez. de 2016

Aula de Amor








Mas, menina, vai com calma
Mais sedução nesse grasne:
Carnalmente eu amo a alma
E com alma eu amo a carne.

Faminto, me queria eu cheio
Não morra o cio com pudor
Amo virtude com traseiro
E no traseiro virtude pôr.

Muita menina sentiu perigo
Desde que o deus no cisne entrou
Foi com gosto ela ao castigo:
O canto do cisne ele não perdoou.



Bertolt Brecht



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Adele - Hello (Explicit Version) Remix








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Querer










Quero massagear o teu corpo,
Como se te prestasse um tributo de paixão.
E com minhas mãos, como que num ritual,
Percorrer-te todos os caminhos
E dele extrair a chama da combustão.
E cheirá-la por inteiro,
No ardor de farejar o âmago de tua alma fêmea.
E beijá-la voluptuosamente e com meus lábios
Sorver o suor ensandecido de teus poros
Quero, então, corpos unidos,
Dançar ao som de teus gemidos e sussurros
A dança terna e alucinante do amor.



José Eduardo Mendes Camargo



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Delírio










Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci…



Olavo Bilac



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20 de dez. de 2016

Seus Seios










Seus seios são o caminho que todos anseiam 
eles são fartas tetas por onde a existência se fortifica 
seus seios não são a loucura plus 
eles não são nada mas são tudo 
firmes e belos eles apontam 
para o sol de todos os dias 
criatura do criador 
obra prima no oásis 
de nós mesmos 
seus enlouquecem 
quando desatam da alça do sutiã 
eles são como a aurora 
surgindo para além do previsível 
e irremediável 
seus seios eis a lírica mais perfeita 
num tempo de imperfeições.





Paulo Netho




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50 Shades (Fifty Shades Of Grey)








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19 de dez. de 2016

Secundário










No círculo 
dos quatro cantos
no meio, nós
somos dois ou um?
Abrimos os corpos
as pernas, a vida
adentram os poros
a seiva
a cada subida
e cada entrega
rega
o suor de orgasmos
múltiplos
sem clímax...
O poder do toque
nas mãos
não qualquer um
mas aquele
não qualquer língua
mas a sua
não qualquer sexo
mas o tanto
possante que me adentra
saliva que alimenta
o gozo
extraordinário
que torna o auge
do ato
um ato
secundário




Isabel Machado



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18 de dez. de 2016

Vontade de você!












Hoje acordei com vontade de sexo,
com seu gosto na minha boca,
desejo que não cessa....
Acordei desejando suas curvas,
você de quatro, seguro seus cabelos com mão firme.
Coxas que se batem, tesão, mão, corpo, chão, pia ou colchão,
Hoje acordei excitado, vontade que não passa,
te pegar forte, com ar autoritário.
Entre suas pernas, línguas, orgasmo, grito, ato,
tapas que estralam,
mãos deslisam em êxtase e olhar fixo no espelho,
o meu prazer é o teu prazer,
encaixados nos sentimos completos,
Hoje acordei com vontade de você!




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Jared Martin - About You (XXYYXX)







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14 de dez. de 2016

Prazer Saciado












Beijos com dengos, sem mais
o fogo da paixão...
Prazer saciado... corpo cansado,
mas a mesma emoção.

Beijos depois do prazer...
são beijos de real amor...
trazem de volta o carinho,
trazem de volta o calor...

Entre um e outro beijo, 
um afago mais ousado, 
vem o tesão devagarzinho,
reanimando o corpo amado.

Beijos depois do prazer, 
carícias mais ternas,
o amor se faz presente,
tornando as delícias eternas.

Prolongamento do ato de amor,
esses beijos depois do prazer,
sempre são mais doces, 
pois fazem tudo reviver.

Querida... vamos de novo...
nos beijar... nos amar...
vamos só permanecer nessa delícia
de sempre recomeçar...




Marcial Salaverry




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13 de dez. de 2016

Nos braços de Morpheus












Hmmmm...
você chegando assim
e eu gostando...
você se aconchegando
e eu sentindo seu corpo
coladinho no meu...
mãos que passeiam
dedos que escorregam
no néctar do amor...
a pele ardendo
um calor subindo
o tesão aumentando...
beijos apaixonados!
língua brincando
e vibrando...
fêmea no cio
perfume de sexo
me enlouquecendo
você delirando de prazer...
alcançamos o êxtase,
em perfeita sintonia.
gozo e orgasmos...
vamos ao céu,
e deitados nas nuvens,
caímos...
nos braços de Morpheus!




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12 de dez. de 2016

Chuva









chove
lá fora
me fode
agora
com amor 
sem pudor
barulho que cai
a gota me atrai
molhados
chovendo
pelo prazer 
apaixonados
continue a fazer

e chove
trovão
e fode
paixão
e chove
na rua
me fode
estou nua

e chove
tira a meia
e fode
me despenteia
e chove molhado
seu pé está gelado
chega de prosa
você me aquece
vai, enlouquece
vem e goza




Liz Christine



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10 de dez. de 2016

Sob o chuveiro amar











Sob o chuveiro amar, sabão e beijos, 
ou na banheira amar, de água vestidos, 
amor escorregante, foge, prende-se, 
torna a fugir, água nos olhos, bocas, 
dança, navegação, mergulho, chuva, 
essa espuma nos ventres, a brancura 
triangular do sexo -- é água, esperma, 
é amor se esvaindo, ou nos tornamos fontes?





Carlos Drummond de Andrade



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7 de dez. de 2016

Meu Corpo no Teu..







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Na Boca da Noite










E assim vais ensaiando 
olhos insanos 
a se (con)fundirem entre os vermelhos 
dos últimos raios de sol e dos meus cabelos
em tuas mãos.

Puxas as rédeas do meu desejo e soltas
no movimento alternado de tua verga
encostas mas não penetras
vê o sol sumindo pelas frestas
dos meus olhos sussurrando
que entres!

Tu demoras na tua festa voyeur
e eu tão urgente a te comer
com os olhos à beira do salto no teu mar .

Crepuscular
esse desejo que nasce depois do sol e antes da lua
e apenas flutua
entre os nossos olhos e tuas mãos

e a boca da noite.





(RaiBlue)



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6 de dez. de 2016

No corpo feminino...









No corpo feminino, esse retiro 
- a doce bunda - é ainda o que prefiro.
A ela, meu mais íntimo suspiro,
Pois tanto mais a apalpo quanto a miro.

Que tanto mais a quero, se me firo
Em unhas protestantes, a respiro
A brisa dos planetas, no seu giro
Lento, violento... Então, se ponho tiro

A mão em concha - a mão, sábio papiro,
Iluminando o gozo, qual lampiro.
Ou se, dessedentado, já me estiro,

Me penso, me restauro, me confiro,
O sentimento da morte ei que adquiro:
De rola, a bunda torna-se vampiro.





Carlos Drummond de Andrade 




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5 de dez. de 2016

Coito















Todos os movimentos
           do amor
           são noturnos
mesmo quando praticados
           à luz do dia

Vem de ti o sinal
           no cheiro ou no tato
que faz acordar o bicho
           em seu fosso:
           na treva, lento,
           se desenrola
                     e desliza
em direção a teu sorriso

Hipnotiza-te
com seu guizo
                     envolve-te
em seus anéis
corredios
                     beija-te
                     a boca em flor
e por baixo
           com seu esporão
           te fende te fode

           e se fundem
           no gozo

depois
desenfia-se de ti

           a teu lado
           na cama
           recupero a minha forma usual





Ferreira Gullar



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3 de dez. de 2016

Seios











O branco
todo alvo
realça na pele bronze

No alvo, círculo rosado
ao centro um olho
pedinte, esbugalhado

Todo ele na palma da mão
na tua mão encaixado
faminto se enrijece
sedento pede tua língua
afoito geme ao contato
feito coito alucinado

Os dois são felicidade
nas tuas mãos e cuidados
bichos presos, enjaulados
não querendo liberdade





Isabel Machado



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19 de nov. de 2016

A cor da paixão











Em desejo possuída
        se joga,
             se rasga,
   se estraga
          contra os móveis,
  sobre as plantas,
         entremuros,
 se vê fera,
       se faz cadela,
            se morde serpente,
         ferida em seu desvario
no mais escondido recanto do seu bem-querer,
    no seu coração perple o e ávido
       que ela desfibra devagar.





Regina de Fontenelle



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14 de nov. de 2016

Quero um homem...











Quero um homem 
que toque minha alma, 
que entre pelos meus olhos 
e invada meus sonhos. 
Quero que me possua inteira, 
corpo e alma, 
fazendo dos meus desejos 
breves segundos de êxtase 
o prazer do encontro total. 
Quero sentir seus braços longos 
envolvendo meu abraço, 
seus lábios mudos 
calando o meu silêncio 
sem precisar nada dizer... 
apenas me olhando 
com olhos negros e úmidos 
e me tomando devagar, 
como o mar avança na praia, 
como eu sei que tem que ser 
e sei que um dia será.





Cláudia Marczak





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Ki:Theory - Enjoy The Silence








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10 de nov. de 2016

Zepparella - Dazed and Confused




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Insensatez










eu navego
em ti
o desejo insano
que persegue
anos a fio.

nas águas perigosas
do teu cio
eu me deixaria afogar
de vez.




Ademir Antonio Bacca



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8 de nov. de 2016

Retrato de mulher











Seu velado sorriso fertiliza 
a paisagem estéril ao fundo 
e seus olhos insinuantes 
agitam meu oceano libídico. 

A ausência de rosas, dálias, 
papoulas, margaridas... 
de flores 
não afasta de você 
a primavera, 
mesmo após várias luas. 

O retrato perde-se na moldura, 
mas a mulher é o abismo de aromas, 
corredor presente de vôos possíveis 
onde debilmente macho 
tateio meu futuro infantil. 

Em suas fontes, matas, 
montes e curvas de além-mar, 
dedilho, navegante, a música de 
toda minha existência. 




Carlos J. Tavares Gomes



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5 de nov. de 2016

O deslizar










Deslizo 
A sua imagem pelo meu pensamento
O seu cheiro pelo meu sangue
A sua voz, as suas palavras pelo meu desejo

Deslizo
As minhas mãos por entre as suas coxas
A minha boca pelos seus lábios
O meu corpo pelo seu

Deslizo
Tudo o que pode haver no mundo
E que no entanto somos só nós dois
A dançar como imagens oníricas

Deslizar de sonhos
de espaços intermináveis
De amores, paixões incontroláveis
Infinitas

Deslizo
Trêmulo, nervoso pelo meu desejo
De não deixá-la deslizar
Por entre as minhas mãos




Ricardo R. Almeida



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2 de nov. de 2016

Duplar









eu e você 
deixar a boca 
resvalar para 
a outra boca 
no beijo úmido 
intenso, ávido 

duplar 
eu e você 
em par 
em perna 
em mão 
em coração batendo 
lírico, lúcido 
ímpeto 
de estar 
de entrar 
sair 
ficar 
entrar 
gozar 
em par 

duplar 
em voz 
em beijo sôfrego 
em língua úmida 
nos seios túrgidos 
duplos 
pêssegos 
bicos tépidos 

duplar 
em olhos cúmplices 
em mãos de artífice 
na pele ardente 
nas mucosas cálidas 
límpidas, púrpuras 
em pernas escancaradas 
envolventes 
sobre 
as costas pálidas 

duplar 
eu em você 
em secreções, saliva 
você em mim 
em contrações 
espamos 
múltiplos 
nós dois 
como um barco 
à deriva 
sem hora ou 
lugar 
para chegar 

duplar 
eu em você 
você em mim 
ávidos 
máximos 
gozar 
em par 
de modo ímpar 
até ficarmos 
fartos 
cansados 
tontos 
de orgasmos 
múltiplos 
tantos 
únicos 

duplar 
eu em você 
dormir 
e nem perceber 
o corpo 
sorrir.




Nálu Nogueira



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29 de out. de 2016

Steven Wilson - Happy Returns (from Hand. Cannot. Erase.)








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Mãos, toques, desejos











Aquelas mãos em toques eternos
em alguns minutos apenas horas se tornaram
Eternos movimentos das pontas dos dedos
Procuravam retorno desejado presente na pele...

Cúmplices, entrelaçados
Numa imagem sem nome, sem entendimento
Sem cobranças
Somente sentimento e desejo

Adoradora química
Dos lábios fortes em toques essenciais
Que nem o melhor de todos que já tive
Poderia imaginar...




Líria Bordinhão Dahlke




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27 de out. de 2016

Corponauta












Como se tuas mãos não fossem duas
E o meu corpo apenas o universo
Nos teus olhos flutuam outras luas
E a tua pele permeia os meus versos

Fosse a tua bunda o meu descanso
E o meu falo te servisse de guarida
O guerreiro, de voraz, iria manso
Se renderia, entregaria a própria vida

Que se espera, então, de fêmea e macho
Senão o orgasmo profundo e infiel
De amar mais o outro que a si?

Se entre tuas coxas eu me encaixo
É o teu gozo, purgatório, inferno e céu
Imortalidade que podemos possuir




Goulart Gomes




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Amy Whinehouse - Back to Black (Cover)








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26 de out. de 2016

Cerejas, meu amor












Cerejas, meu amor,
mas no teu corpo.
Que elas te percorram
por redondas.

E rolem para onde
possa eu buscá-las
lá onde a vida começa
e onde acaba

e onde todas as fomes
se concentram
no vermelho da carne
das cerejas...




Renata Pallottini



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Adele - Hello (Remix)








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25 de out. de 2016

Amor em azul e branco












Nuvens brancas
espumas flutuando os andes
Brancas geleiras
pinceladas impressionistas
descendo sobre os cimos
do Ozorno
Branco em flor
campo de margaridas
ondulando ao vento
Branco-amor
esvoaça em lençóis e cortinas
desnudando os corpos no quarto
róseos, ardentes, úmidos e ungidos
Branco enevoado do ar
em cheiro de sêmen-vida
do encontro que exala
e enche a casa 
perfuma a brisa e se espalha
por entre as ondas suaves
do marinho Pacífico, 
ornando a cena, túrgido e cingido
ao azul celeste da Terra em cio.




Virgínia Schall



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RIVERSIDE - Shine








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24 de out. de 2016

Dj Sammy - Heaven (Lovers Video Version)








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Prazer











Não sei o que é mais gostoso:
E expectativa e a ansiedade
da ante-véspera do amor,
O colorido e o abandono
do momento cósmico do orgasmo
ou a lassidão e os espasmos de prazer
no repouso de teus braços.





José Eduardo Mendes Camargo



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23 de out. de 2016

Meu brinquedo












Você quer me algemar?
Me desnudar
Me cobrir
Com beijos
Em seu olhar
Faíscam desejos
Quero te amar
Sem medo
Quero ser
Seu brinquedo
Quero te ver
Me desvendando
Me fudendo
Com amor
Estou nua
Te dizendo
Sem pudor
Me possua
Me ame sem medo
E seja meu brinquedo




Liz Christine




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22 de out. de 2016

Um susto de homem me atropelou










Um susto de homem me atropelou.
Que surpresa!
Tinha no peito um ninho
Gosto de canela e vinho
E eu tive até pudor!
Príncipe encantado tarado
Mais calor que um reator.
Profético trepântico,
Libertou minha energia
Foi em cósmica orgia
Que a gente namorou.




Débora Duarte



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20 de out. de 2016

Fronteira











Por sobre a dobra viva
do teu colo
caminha e desliza
meu furor cadenciado,
frenesi ofegante de sussurros
fragmentados,
jactando-se em magma de um prazer
escandinavo
frente à nobreza daqueles países
baixos.

Linha divisória entre e a realidade
o imaginário,
curvo-me à onipresença
dos teus seios fartos,
enquanto procuro o fôlego
disperso, enredado,
preso em teus lábios
silenciosos.

A visão do paraíso
escancara meu sorriso
devasso, efêmero
- duração eterna de segundos
preciosos.




Flávio Villa-Lobos 



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19 de out. de 2016

A pele e o vento










Quando a madrugada vem
e o Vento sopra
a pele em poesia desabrocha
dizendo nua os versos de
arrepios.

E se o Vento sopra sussurrante
como uma brisa morna estremecendo
os pêlos
a Pele, que é poesia,
mergulha em desvarios
e canta para a lua seus versos
de delírios
e espera suplicante o toque
redentor.

        (até que o vento, em sopros
        de amor
        se deita sobre a Pele
        e suas mãos segura.)

então a Pele, agora em loucura
sente os cabelos longos do Vento
lhe fazerem cócegas; ouve os
sussurros do Vento em suas costas
sente sobre si o peso do desejo

        e cândida, rende-se;
        lânguida, deita-se;
        ávida, molha-se;

sente nas costas o peso
do Vento
        e treme;
        agita-se;
        inunda-se;
        e sonha;

tem dentro de si o corpo
do Vento
        e tranca-se;
        e move-se;
        e geme;
        e goza
        (grávida, imensa, grata, plena);

quando a madrugada vem
e o Vento sopra
a Pele em poesia desabrocha
e a vida inteira fica
diferente.




Nálu Nogueira



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Tube & Berger ft. Richard Judge - Ruckus (Radio Edit)







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18 de out. de 2016

Mulher













Não quero uma mulher
Que seja gorda ou magra
Ou alta ou baixa 
Ou isto e aquilo.

Não quero uma mulher
Mas sim um porto, uma esquina
Onde virar a vida e olhá-la 
De dentro para fora.

Não espero uma mulher 
Mas um barco que me navegue
Uma tempestade que me aflija
Uma sensualidade que me altere 
Uma serenidade que me nine.

Não sonho uma mulher
Mas um grito de prazer 
Saindo da boca pendurada 
No rosto emoldurado
No corpo que se apoie
Nas pernas que me abracem. 

Não sonho nem espero
Nem quero uma mulher 
Mas exijo aos meus devaneios 
Que encontrem a única 
Que quero sonho e espero 
Não uma, mas ela.

E sei onde se esconde 
E conheço-lhe as senhas
Que a definem. O sexo 
Ardente, a volúpia estridente 
A carência do espasmo
O Amor com o dedo no gatilho. 

Só quero essa mulher
Com todos seus desertos 
Onde descansar a minha pele
Exausta e a minha boca sedenta
E a minha vontade faminta
E a minha urgência aflita 
E a minha lágrima austera
E a minha ternura eloquente. 

Sim, essa mulher que me excite 
Os vinte e nove sentidos
A única a saber
O que dizer 
Como fazer 
Quando parar 
Onde Esperar. 

Essa a mulher que espero 
E não espero 
Que quero e não quero 
Essa mulherportoesquina
Que desejo e não desejo 
Que outro a tenha. 

Que seja alta ou baixa 
Isto ou aquilo 
Mas que seja ela 
Aquela que seja minha 
E eu seja dela 
Que seja eu e ela
Euela eu lá nela 
Que sejamos ela. 

E eu então terei encontrado
A mulher que não procuro
O barco, a esquina, Você. 
Sim, você, que espreita 
Do outro lado da esquina, no cais,
A chegada do marinheiro
Como quem apenas me espera. 

Então nos amarraremos sem vergonha
À luz dos holofotes dos teus olhos,
E procriaremos gritos e gemidos 
Que iluminarão todas as esquinas.

Será o momento de dizer
Achei/achamos amei/amamos 
E por primeira vez vocalizar o 
Somos, pluralizando-nos 
Na emoção do encontro.

Essa a mulher 
que não procuro
nem espero.
Você, viu? Você!



Bruno Kampel



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