19 de out. de 2016

A pele e o vento










Quando a madrugada vem
e o Vento sopra
a pele em poesia desabrocha
dizendo nua os versos de
arrepios.

E se o Vento sopra sussurrante
como uma brisa morna estremecendo
os pêlos
a Pele, que é poesia,
mergulha em desvarios
e canta para a lua seus versos
de delírios
e espera suplicante o toque
redentor.

        (até que o vento, em sopros
        de amor
        se deita sobre a Pele
        e suas mãos segura.)

então a Pele, agora em loucura
sente os cabelos longos do Vento
lhe fazerem cócegas; ouve os
sussurros do Vento em suas costas
sente sobre si o peso do desejo

        e cândida, rende-se;
        lânguida, deita-se;
        ávida, molha-se;

sente nas costas o peso
do Vento
        e treme;
        agita-se;
        inunda-se;
        e sonha;

tem dentro de si o corpo
do Vento
        e tranca-se;
        e move-se;
        e geme;
        e goza
        (grávida, imensa, grata, plena);

quando a madrugada vem
e o Vento sopra
a Pele em poesia desabrocha
e a vida inteira fica
diferente.




Nálu Nogueira



©


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