17 de ago. de 2016

Poema pervertido











Ouviam-se ao longe os gritos, sussurros e gemidos.
E o misto de gozo e dor que percorria
toda a extensão do ser que agora
se sentia possuído pelo frenesi.

Ouviam-se ao longe as mais torturantes súplicas;
efusão do êxtase mais íntimo
que agora se fazia líquido,
cobrindo todos os cantos e recantos virginais.
Uivam os amantes libertinos;
Calam-se os puritanos;
No entanto, a loucura que se deseja;
a fúria animalesca se faz e
está presente em ambos.

Ouvia-se o som dos corpos a se retorcerem;
os cabelos a se emaranharem
na volúpia imoderada
da fêmea incauta,
sedenta por sentir seu possuidor
a percorrer-lhe
as entranhas, cortando-lhe
como uma lâmina
a dividir a carne em duas metades.

Sentia-se o cheiro inebriante dos órgãos;
o gosto salobro das partes mais escondidas
e por demais desejadas.
Percorria-lhe a língua: pouco a pouco,
como se estivesse a descobrir
novas possibilidades de gozo.
E, inevitavelmente, eis que se ouve
um urro mais intenso:
é chegada a hora de fluir tudo que é
apetite, gozoso, desejável.

A fêmea, feito flor aberta esperando
a coleta de seu néctar,
curva-se ao dominante, aguardando
o regar de seu Monte-de-Vênus.
Ouvi-se ao longe a queda dos amantes.
Extasiados, esgotados, trêmulos.
Mas sabe-se que
a dança dos corpos logo se há de reiniciar.




Penélope SS



©



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