13 de abr. de 2016

Poema 69










Quando meus lábios tocam os lábios teus
Sinto fremir teu corpo em ânsia louca
E enquanto os sorvo tu procura os meus,
E não os encontra, pois os lábios

Onde estão os meus,
Não são os lábios da tua boca!
São sucções recíprocas 
São fricções ardentes
São atritos de mucosas 
São secreções serosas
São humores quentes
A exalarem teu perfume de mulher.

É o gostoso cheiro de fêmea no cio,
Que enlouquece, inebria, dá quebranto.
É um licor do céu, é um néctar macio,
Das delícias da vida o mais doce encanto;
Dos prazeres deste mundo o mais divinal 
E por isto deve ser no Paraíso igual!

E enquanto nos sugamos mutuamente
Cada vez mais o gozo delicia
Enquanto não nos cobre de umidades;

Pois este líquido a sede não sacia
Até que inunde tudo num "dilúvio final"
Que surge deste sublime embate
Entre o oral e o genital.



Raymundo Silveira


©


Nenhum comentário:

Postar um comentário

:a   :b   :c   :d   :e   :f   :g   :h   :i   :j   :k   :l   :m   :n   :o   :p